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Marketing, Miojo e um exercício de futurologia

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Por que o consumo de Miojo preocupa?

No ano passado, ante um aumento de 11% nas vendas do Miojo (ou Macarrão instantâneo) a Folha divulgou uma reportagem que soou como um enorme sorriso amarelo. Isso porque um dos motivos óbvios desse crescimento é a diminuição do poder aquisitivo do brasileiro.

Em 2018, vimos o auge dos cursos de culinária, do conceito de “slow food”, dos locais onde você podia levar seus ingredientes e cozinhar para os amigos, das cozinhas colaborativas nos grandes centros. Também já não eram mais novidade as Hamburguerias Gourmet (ou tudo o que tivesse o nome Gourmet na frente) que ofereciam “experiências gastronômicas”. Quantos Masterchefs tivemos na última década?

Sem aprofundarmos na retrospectiva culinária, vimos, no Google Trends um pico de pesquisas do termo “receitas fáceis” na primeira semana do “lockdown” em 2020 – que seguiu em alta por um bom tempo.

Isso mostra que, paulatinamente, os hábitos de alimentação do brasileiro foram mudando. Com a Pandemia, o trabalho home office impulsionou, num primeiro momento, o hábito de cozinhar, sem perder muito tempo. A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) mostrou que 71% dos donos de bares e restaurantes estava endividada em razão do fechamento (a notícia é de maio de 2021), mas com o delivery essa situação mudou.

Em outubro os donos desses setores já operavam no azul. Em uma reportagem de 6 de maio um dono de restaurante chega a dizer: “Acredito que a crise financeira passou longe do setor de alimentação“.

Dia 24, a mesma Abrasel identificou que o endividamento voltou a assombrar, desta vez com a Inflação, que pressiona a capacidade de pagamento dos bares e restaurantes que não conseguem repassar os preços aos clientes – que provavelmente estão comendo miojo em casa.

Tá bom, mas e o Marketing?

Na economia, uma coisa iguala os mercados de comida, de serviços e do marketing: a disponibilidade financeira. Com a inflação em alta e crédito caro, chega a hora de colocar o pé no chão e se livrar de alguns “luxos”. Comer fora? melhor diminuir. Cozinhar em casa? melhor com receitas rápidas – e baratas. Comprar comida: não pode ser miojo?

Um aviso necessário: A fome no Brasil tem aumentado assustadoramente, e isso é muito sério. O tom leve deste texto não deve ser interpretado como insensibilidade.

Do mesmo jeito que aconteceu com os mercados de alimentação, a pandemia impulsionou o mercado de comunicação de forma assombrosa. Empresas foram para o digital sem experiência, sem ingredientes básicos e caíram nas conversas das receitas fáceis.

Vimos um boom de “comunidades” de criação em série de subidores de campanha ou “gestores de tráfego”, operadores de canva – ou “designers”, escrevedores de promessas – autodenominados “copywriters” e vendedores de sonhos de dinheiro fácil com os recursos empregados em marketing digital – que ainda continua, com alguns sinais de cansaço.

Mas a grana tá curta pra todo mundo. E mesmo as empresas que já se estruturaram para fazer um marketing mais elaborado estão vendo seus resultados caírem.

Diante da maré de más notícias, os investidores começam a se perguntar quando aquele Unicórnio vai começar a ganhar as corridas. Pressões nas Startups de tecnologia não poupam ninguém, como vimos com a Vtex, que passou a foice em quase 200 profissionais. Embora a empresa diga que está em uma nova fase, fica claro que os resultados financeiros não estão agradando. QuintoAndar, Loft e Facily também demitiram em massa – e não está muito fácil para o mercado em geral.

No mercado da publicidade – do qual a AZDZ faz parte – as grandes, caras e completíssimas agências e ferramentas de marketing já estão sendo afetadas pela pressão da falta de dinheiro circulando. Isto quer dizer que aquele grande e cobiçado lugar do topo da árvore onde os frutos são empresas com gordos orçamentos de marketing já não é capaz de sustentar a cadeia de serviços de marketing das agências.

Como num grande jogo de dominó, vemos agências grandes atendendo a empresas médias, agências médias atendendo a empresas pequenas e empresas pequenas optando por um trabalho no estilo faça você mesmo.

No Marketing a gente precisa de otimismo, mas essa moeda também anda escassa.

Está ficando mais caro…

Com a grande concorrência de empresas que se digitalizaram, o custo de veiculação nas plataformas online subiu. Anunciar está mais caro, vender está mais difícil. E isso pode acabar matando alguns negócios de fome.

Com o endividamento das famílias – que atingiu 77,7% delas no último mês, é normal que o consumidor – que está na base de qualquer cadeia de valor, opte pelo que é mais essencial, mais barato, mais vantajoso.

Do mesmo jeito, as empresas precisam concorrer com preços mais baixos e também não tem muito para investir em ações de valorização da marca. Como acontece no darwinismo capitalista, apenas os mais adaptados vão sobreviver.

Mas pode não ficar pior…

Não queremos ser profetas do caos. Há o tempo de manter e o tempo de expandir – e ainda o momento em que expandir é a única forma de se manter.

Em geral, o mercado mostra que em situações de crise como a que vivemos, os negócios tendem a se aperfeiçoar e os serviços ficam um pouco melhores. Isso acontece porque o preço dessa “qualidade” fica mais acessível. Principalmente quando se trata de serviços escaláveis que já tiveram seus principais investimentos executados.

Estamos vendo isso com o mercado de educação para o trabalho, com uma grande parcela de cursos oferecidos gratuitamente para criar listas de leads – mas que não deixam de qualificar o mercado!

De volta ao Miojo…

As soluções de marketing baratas, faça-você mesmo e rápidas são, assim como o macarrão instantâneo, apenas calorias vazias. Com muitas promessas, uma falsa simplicidade e ingredientes secretos que ninguém entende, essas soluções geram um valor passageiro e não matam a fome dos negócios.

Hoje todos sabem o que é preciso para uma vida saudável – alimentação, sono, exercícios etc. Mas alguns ainda acham que atalhos vão levar mais rápido a algum lugar.

Em parte, isso tem a ver com um marketing tóxico, que promete uma coisa e entrega o contrário. Assim como o Miojo de Galinha Caipira e Coentro que não tem coentro nem galinha caipira e que demora praticamente o mesmo que o macarrão cabelo de anjo por um preço, que na verdade, é três vezes maior, como se vê nessa matéria maravilhosa de Maira Mathias.

Um marketing saudável envolve bases de um negócio claras, marcas com identidade e proposta de valor consistentes e estratégias de divulgação e vendas baseadas em dados, testáveis e otimizáveis de forma rápida.

Mas isso requer preparo cuidadoso e ingredientes certos e um toque de chef.

E, é claro, exercícios constantes.

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